quarta-feira, 3 de março de 2010

Literatura pelo mundo

Literatura portuguesa - Parte III

A prosa

A prosa, desenvolveu-se magistralmente durante o séuclo XVI, fundamentalmente a prosa histórica, as crônicas de viagens e a prosa religioso-moralista.

As Décadas de João de Barros, continuadas por Diogo do Couto, descreveram com maestria as façanhas dos portugueses no descobrimento e conquista do Oriente; Damião de Góis, humanista e amigo de Erasmo, descreveu com uma destacável independência o reinado do rei D. Manuel I de Portugal. Jeronimo Osorio tratou o mesmo tema em latim, mas as suas interessantes Cartas apresentam um tom mais vulgar. Entre outros autores que trataram das viagens ao Oriente estão Fernão Lopes de Castanheda, Antonio Galvão, Gaspar Correa, Brás de Albuquerque, Frei Gaspar da Cruz e Frei joão dos Santos. As crônicas reais ficaram nas mãos de Francisco de Andrade e Frei Bernardo da Cruz; Miguel Leitão de Andrada compilou um interessante volume intitulado Miscelânea.

A literatura de viagens desta época é demasiado extensa para ser resumida: os exploradores portugueses visitaram e descreveram a costa da África, a Etiópia, a Síria, a Pérsia, a Índia, o Extremo Oriente e o Brasil. Sobressai como mostra deste tipo de obras a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, que narrou as suas aventuras num estilo vigoroso e colorido, assim como a História Trágico- Marítima reúne breves historias anônimas sobre naufrágios entre 1552 e 1604.

Os diálogos de Samuel Usque, um judeu de Lisboa, também merecem ser mencionados. Os temas religiosos eram objeto geralmente de tratados em latim, mas entre os autores moralistas que empregaram a língua vulgar estão Frei Heitor Pinto, Frei Amador Arrais e Frei Tomé de Jesus, cujos Trabalhos de Jesus foram traduzidos em várias línguas.

Barroco

Em geral, a literatura portuguesa do século XVII tem sido considerada inferior à do século anterior, que por isso atinge a qualificação de Século de Ouro. Esta inferioridade atribuiu-se ao absolutismo da monarquia, e à influência da Inquisição, que impôs a censura e o Index Librorum Prohibitorum. No entanto, pode apreciar-se um declive geral, tanto político como cultural, da nação portuguesa neste século. O gongorismo e o marinismo manifestam-se nos poetas "seiscentistas", impondo o gosto pelo retórico e o obscuro. A revolução que levaria à Independência de Portugal em 1640 não conseguiu no entanto investir a tendência descendente, nem atenuar a influência cultural de Espanha, de maneira que o espanhol seguiu sendo o idioma mais empregado entre as classes dominantes e entre os autores que procuravam uma audiência mais ampla, e os autores portugueses de séculos anteriores foram esquecidos como modelos. Esta influência estrangeira foi especialmente forte no teatro: os dramaturgos portugueses escreveram em espanhol, de maneira que o português só foi empregado em peças religiosas de escasso valor ou em comédias engenhosas como as de Francisco Manuel de Melo, autor de um Auto do Fidalgo Aprendiz. Nesta época surgiram diversas Academias de nomes exóticos que tentavam elevar o nível geral das letras portuguesas, mas se perderam em discussões estéreis e ajudaram ao final ao triunfo do pedantismo e do mau gosto.



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