Poesia épica
No início da literatura grega se situam duas grandes
epopéias, a Ilíada e a Odisséia. Algumas fontes desses poemas são da época
micênica, talvez de 1500 a.C., mas a obra escrita, atribuída a Homero, é datada
de cerca do século VIII a.C. Ilíada e Odisséia são os primeiros exemplos de
poema épico -- na antiguidade, era um longo poema narrativo, de estilo nobre,
que celebrava conquistas heróicas. Apesar de serem os poemas europeus mais
antigos, Ilíada e Odisséia não podem ser considerados, de nenhum ponto de vista,
primitivos. Mais que o começo, eles marcam o ponto mais alto dessa forma
literária. Eram essencialmente poemas transmitidos de forma oral, desenvolvidos
e aumentados ao longo de um extenso período de tempo, sobre cujo tema vários e
sucessivos poetas anônimos livremente improvisaram. No mundo antigo, ocupavam
uma classe especial entre os poemas épicos. De fato, conservam-se restos de um
ciclo épico, com numerosos poemas que complementam a história das guerras de
Tebas e Tróia e outros mitos.
A poesia didática não era tida pelos gregos como uma forma diferente da épica,
mas o mundo do poeta Hesíodo, que viveu na Beócia por volta de 700 a.C., era
completamente diferente do de Homero. Além de Os trabalhos e os dias, que
descreve a vida de um simples agricultor beócio atormentado pela seca e pela
opressão da aristocracia, deixou também o poema Teogonia, que narra a
genealogia dos deuses e dos mitos associados à criação do universo, com clara
influência da mitologia do Oriente Médio.
Poesia lírica
A palavra "lírica" abrange muitos tipos de poemas.
Aqueles cantados por indivíduos ou coros acompanhados de lira, ou às vezes
flauta, eram chamados mélicos. As elegias -- nas quais o hexâmetro épico, ou
verso de seis sílabas, se alternava com um verso mais curto -- eram associadas
com a lamentação e acompanhadas de flauta.
Mas os poemas também eram usados para poesia monódica, falada e cantada. Os
poemas jâmbicos (de versos jâmbicos, ou unidades métricas de quatro sílabas
longas e breves alternadas), forma versificada da sátira, em geral não eram
cantados. A lírica coral, geralmente acompanhada de lira e flauta, não usava os
versos ou estrofes tradicionais; seu metro era criado para cada poema e nunca
utilizado novamente da mesma forma. Além de Alcmeão de Esparta e Estesícoro,
destacam-se no gênero Simônides de Ceos, Píndaro e, já no declínio do gênero,
Baquílides (século V a.C.).
Tragédia e comédia
Em suas duas vertentes -- tragédia e comédia -- chegou nessa
época à plenitude estética o teatro grego. Suas origens permanecem obscuras,
mas parece claro que ambas foram tiradas dos rituais religiosos em honra do
deus Dioniso. O principal interesse de Ésquilo, cujas tragédias são geralmente
agrupadas em trilogias, não é a ação dramática, nem a composição dos personagens,
mas a subordinação da vida humana aos insondáveis desígnios dos deuses. Com
Sófocles, seu sucessor, a tragédia alcançou ainda maior perfeição formal. O
tema central de suas grandes obras, como Édipo rei, Electra e Antígona, é a
exaltação da grandeza do homem que, embora submetido ao destino e à vontade dos
deuses, mantém a integridade moral e cumpre seu dever. Eurípides, contemporâneo
dos sofistas, pertenceu a uma fase de questionamento de todas as crenças
tradicionais. Ainda que partisse do mito, como os trágicos anteriores, seu
interesse centrou-se no estudo da paixão humana -- Medéia, Hipólito -- e na
crítica às idéias convencionais sobre religião, política e moral. Depois de
Eurípides, que morreu em 406, a tragédia deixou de ser cultivada.
Paralelamente à tragédia, desenvolveu-se a comédia, que era sua contrapartida.
Surgiu nas cidades dóricas, onde se destacou a figura de Epicarmo, mas adquiriu
forma em Atenas, na primeira metade do século V. Na época inicial (comédia
antiga) foi fundamentalmente sátira social e política. Aristófanes, um dos
maiores gênios cômicos da literatura universal, ironizou, em obras como As rãs
e As nuvens, as figuras políticas e intelectuais de seu tempo. A fase
intermediária da comédia, na qual sobressaíram Antífanes e Aléxis, centrou-se
na sátira e na paródia. Na comédia nova, cujo principal representante foi
Menandro, no final do século IV, o tema principal foram os conflitos
domésticos.
Prosa
O primeiro grande historiador foi Heródoto de Halicarnasso,
também grande geógrafo e antropólogo. Seu tema central é o confronto entre Ásia
e Europa, que culminou com as guerras greco-pérsicas. Não menos importante foi
Tucídides, que viveu na segunda metade do século V e escreveu a História da
guerra do Peloponeso. Tucídides, diferentemente de Heródoto, exclui por
completo a intervenção divina nos acontecimentos em que os homens intervêm.
Costuma-se considerá-lo o verdadeiro criador da história como ciência, pelo
rigor documental, sentido crítico e objetividade narrativa.
Sua obra, que ficou inconclusa, foi completada por Xenofonte, que também
escreveu Anábase, relato da retirada de dez mil gregos, depois do assassínio de
seus líderes pelos persas de Ciro, desde as proximidades da Babilônia até a
costa do mar Negro. Depois desses autores, o gênero histórico declinou até
transformar-se em pouco mais que um exercício de retórica.
Retórica e oratória. Em poucas sociedades terá sido mais valorizado o poder da
oratória do que na Grécia. Foi sobretudo o surgimento das formas democráticas
de governo que incentivou o estudo e o ensino da arte da persuasão. Entre os
oradores gregos do século IV, merecem particular atenção: Isócrates, que se
distinguiu pelo cuidado do estilo e defendeu um ideal pan-helênico que pusesse
fim às guerras internas entre os gregos, e sobretudo Demóstenes, o maior dos
oradores gregos da antiguidade. Muito ativo na política, Demóstenes
personificou a reação do velho ideal da pólis independente, frente ao nascente
pan-helenismo. Depois de sua morte, com o declínio da democracia, a oratória
entrou em decadência.
Prosa filosófica
A prosa como um veículo para a filosofia começou a ser
desenvolvida a partir do século VI a.C. Entre os primeiros filósofos se incluem
Tales de Mileto, Anaximandro, Demócrito e Heráclito. A prosa filosófica foi a
principal realização literária da época, muito influenciada por Sócrates (que
não possui obra escrita) e seu método característico de ensino, por meio de
perguntas e respostas, que evoluiu para o diálogo. O discípulo mais célebre de
Sócrates foi Platão, que começou a escrever pouco após a morte do mestre (399
a.C.) e, como escritor, deu forma insuperável a um novo gênero literário, o
diálogo. Seu discípulo Aristóteles possuía um estilo admirado em seu tempo, mas
suas obras conservadas são fundamentalmente didáticas e sem preocupação
estilística.
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