quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Meus livros lidos em 2010

Um certo capitão Rodrigo - Érico Veríssimo

Quando Rodrigo Cambará surge no povoado de Santa Fé, em outubro de 1828 - a cavalo, chapéu caído na nuca, cabeleira ao vento, violão a tiracolo -, parece chamar encrenca. Com a patente de capitão, obtida no combate com os castelhanos, é apreciador de cachaça, das cartas e das mulheres. Homem de espírito livre, não combina com os habitantes pacatos do local, mantidos no cabresto pelo despótico coronel Ricardo Amaral Neto. Mas depois de conhecer Bibiana Terra, nada convence Rodrigo a arredar o pé da aldeia. Nem a aspereza de Pedro, pai de Bibiana, nem a zanga de coronel, que não vê com bons olhos os modos do capitão. Nem mesmo o fato de a moça ser cortejada por forasteiro. Rodrigo, porém, está apaixonado, e quer casar-se. Como ele mesmo diz, não tem medidas, "é oito ou oitenta". Para o capitão Cambará, é matar ou morrer, num descomedimento que sugere o descortinar de uma crise anunciada. Descrente dos valores prefixados sejam eles impostos pelo governo ou pela Igreja, Rodrigo é insubordinável: "Se Deus fez o mundo e as pessoas, Eçe já nos largou, arrependido".


Confesso que quando retirei esse livro da estante da universidade onde estudo fiquei um pouco receoso com o que leria. Mas me surpreendi.

A narrativa é sensacional, ligada a maior guerra civil brasileira, a Revolução Farroupilha. UM CERTO CAPITÃO RODRIGO é parte integrante da obra O TEMPO E O VENTO, mas pode ser lido separadamente.

Dois dos maiores personagens da literatura gaúcha encontram-se nesse livro. O capitão Rodrigo é a representação quase fiel do gaúcho do século XIX. Um homem que não tem meio termo: ou você ama ou você odeia. Aventureiro e mulherengo, gosta de um bom jogo e de uma caninha. Já Bibiana Terra é uma moça recatada de família tradicional, que se apaixona pelo capitão e com ele casa e tem filhos.

É um livro que não pode faltar na galeria daqueles que apreciam a literatura sulriograndense.

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