O primeiro relato que merece para muitos críticos o nome de relato "fundador" da literatura argentina foi escrito antes de meados do seculo XIX por Esteban Echeverria (1805-1851), escritor e político liberal, de tendência romântica. O conto "O matadouro", que descreve uma cena brutal de tortura e assassinato nos matadouros de gado de Buenos Aires, é de um estilo realista infreqüente na época. Echeverría escreveu também o poema "A cativa", de ambiente rural, mas de estilo culto e complexas resoluções metafóricas e sintáticas.
Em 1845 Domingo Faustino Sarmiento, escritor e político que chegaria à Presidência da Nação Argentina, tinha publicado "Facundo", sobre o caudilho estadual Facundo Quiroga, a quem descreve agudamente e, ao mesmo tempo, pinta como símbolo e representação da barbárie, à qual Sarmiento opunha ao progresso e à civilização. Para a crítica do século XX, "Facundo" é também um livro inaugural da literatura argentina.
A literatura gauchesca começa com a publicação de "Fausto", de Estanislao de Campo, (1866), sátira em verso na qual um gaúcho relata com sua própria linguagem uma representação do "Fausto" de Charles Gounod na ópera de Buenos Aires, o teatro Colón.
Em 1872 José Hernandez publica - em duas partes - seu poema "O gaúcho Martín Fierro", elogiado como "o Don Quixote" dos argentinos e assinalado como compêndio da argentinidade pelos setores nacionalistas. A obra narra as desventuras de um gaúcho, recrutado à força para a guerra contra o indio. Sendo vítima de arbitrariedades, se torna desertor, e depois assassino e ladrão. Voltando à civilização - tema da segunda parte da obra - pronuncia uma série de máximas a seus filhos e reflexões sobre as penúrias de seus compatriotas, os gaúchos, párias do pampa.
Normalizada a vida política depois das guerras internas, e com o governo em mãos de liberais, o país entra com grande pujança no novo século e a literatura se faz cosmopolita. O poeta, narrador e ensaísta Leopoldo Lugones é a figura que representa esta ponte entre duas épocas. Influenciado pela poesia do nicaraguense Ruben Dario, escreveu poemas de elaborada retórica, contos e combativos ensaios. De seu anarquismo inicial derivou para o nacionalismo autoritário, apoiou o primeiro golpe de estado no país (1930) e se suicidou numa pousada no delta do rio Paraná.
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