A literatura japonesa desenvolveu-se nos períodos Yamato,
Heian, Kamakura-Muromachi, Edo e moderno, denominados assim de acordo com a
sede do principal centro administrativo japonês da época.
Período Yamato (de épocas arcaicas até o final do século VIII d.C.)
Ainda que não existisse literatura escrita, foram compostas um número
considerável de baladas, orações rituais, mitos e lendas que, posteriormente,
foram reunidas por escrito e incluem-se na Kogiki (Relação de questões antigas,
712) e a Nippon ki (Livro de História do Japão antigo, 720), primeiras
histórias do Japão que explicam a origem do povo, a formação do Estado e a
essência da política nacional. A lírica surgida das primitivas baladas
incluídas nestas obras estão compiladas na primeira grande antologia japonesa,
a Maniosiu (Antología de inumeráveis folhas), realizada por Otomo no Yakamochi
depois de 759 e cujo poeta mais importante é Kakimoto Hitomaro.
Período Heian (final do século VIII até o final do século XII)
3. PERÍODO HEIAN (FINAL DO SÉCULO VIII ATÉ FINAL DO SÉCULO XII)
A Kokin-siu (Antologia de poesia antiga e moderna, 905) foi reunida pelo poeta
Ki Tsurayuki que, no prefácio, proporcionou a base para a poética japonesa. Ki
Tsurayuki é também conhecido como autor de um nikki, primeiro exemplo de um
importante gênero literário japonês: o diário.
Escrito pela japonesa Murasaki Shikibu no século XI, é considerada a obra
capital da literatura japonesa e o primeiro romance propriamente dito da
história. Nesta cena do capítulo Asagao, o príncipe Genji acaba de regressar de
uma frustrante visita ao palácio de sua amante, a princesa da Glória Matutina.
Enquanto conversa sobre suas outras amantes com sua esposa favorita, Murasaki,
contempla como suas criadas jogam na neve. O romance está repleto de ricos
retratos da refinada cultura do Japão do período heian, que se mesclam com
agudas visões da fugacidade do mundo.
A literatura do começo do século X aparece em forma de contos de fadas, como O
conto do cortador de bambu, ou de poemas-contos, entre eles, Ise monogatari
(Contos de Ise, c. 980). As principais obras da literatura de Heian são Genji
monogatari (Contos ou História de Genji, c. 1010) de Murasaki Shikibu, primeiro
importante romance da literatura mundial, e Makura-no-soshi (O livro
travesseiro) de Sei Shonagon.
Período Kamakura-Muromachi (final do século XII até
o século XVI)
A primeira de várias antologias imperiais de poesia foi a Shin kokin-siu (Nova
coleção de poemas antigos e modernos, 1205) resumida por Fujiwara Teika. A obra
em prosa mais famosa do período, os Heike monogatari (Contos do clã Taira, c.
1220), foi escrita por um autor anônimo. Destacam-se A cabana de três metros quadrados
(1212) do monge Abutsu, e Ensaio em ócio (1340) de Kenko Yoshida. O tipo de
narrativa mais importante desta época foram os "otogizoshi", coleção
de relatos de autores desconhecidos.
O desenvolvimento poético fundamental do período posterior ao século XIV foi a
criação do renga, versos unidos escritos em estrofes repetidos por três ou mais
poetas. Os maiores mestres desta arte, Sogi, Shohaku e Socho, escreveram,
juntos, o famoso Minase sangin (Três poetas em Minase) em 1488.
Período Edo (século XVII-1868)
Neste período de paz e riqueza surgiu uma prosa obscena e mundana de um caráter
radicalmente diferente ao da literatura do período precedente. A figura mais
importante do período foi Ihara Saikaku, cuja prosa em O homem que passou a
vida fazendo amor (1682) foi muito imitada. No século XIX foi famoso Jippensha
Ikku (c. 1765-1831), autor da obra picaresca Hizakurige (1802-1822).
O haicai, um verso de 17 sílabas que reflete a influência do zen, foi
aperfeiçoado neste período. Três poetas destacam-se por seus haikais: o monge
mendicante zen Basho, considerado o maior dos poetas japoneses por sua
sensibilidade e profundidade; Yosa Buson, cujos haikus expressão sua
experiência como pintor, e Kobayashi Issa. A poesia cômica, numa diversidade de
formas, influenciou também este período.
Período Moderno (1868 até a atualidade)
Durante o período moderno os escritores japoneses foram influenciados por
outras literaturas, principalmente as ocidentais.
No século XIX destacam-se os romances de Kanagaki Robunis, Tokai Sanshi,
Tsubuochi Shoyo e Futabei Shimei. Ozaki Koyo, fundador da Kenyusha (Sociedade
dos amigos do nanquim), incorporou técnicas ocidentais e influenciou-se em
Higuchi Ichiyo.
No século XX surge o naturalismo, cuja figura principal é Shimazaki Toson. Mori
Ogai e Natsume Soseki se mantiveram afastados da tradição francesa dominante.
Destacam-se também o autor de relatos Akutagawa Ryunosuke, Yasunari Kawabata
(Prêmio Nobel em 1968), Junichiro Tanizaki, Yukio Mishima, Abe Kobo e Kenzaburo
Oé (Prêmio Nobel em 1994).
Do final do século XIX aos nossos dias existe um forte movimento a favor da
poesia ao estilo ocidental. Dentro deste gênero, surgiram excelentes poetas.
Entre eles, Masaoka Shiki.
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