Hoje o
mundo perdeu um dos maiores escritores da atualidade. O colombiano Gabriel
García Marquez, nascido em 1927, faleceu em decorrência de câncer no fígado,
pulmão e gânglios.
Biografia:
Gabriel
José García Márquez nasceu em Aracataca (Colômbia), e
foi criado na casa de seus avós maternos, que iriam influenciar o futuro
literato com as histórias que contavam. O avô, coronel Nicolas Márquez,
veterano da guerra civil colombiana (que se estendeu de 1899-1902), narrava-lhe
suas aventuras militares, e a avó, Tranquilina Iguarán, relatava fábulas e
lendas que transmitiam sua visão mágica e supersticiosa da realidade.
García Márquez, ou simplesmente Gabo, completou
os primeiros estudos em Barranquilla e Zipaquirá, onde teve um professor de
literatura, Carlos Julia Calderón Hermida, que desempenhou papel marcante em
sua decisão de se tornar um escritor e a quem dedicaria seu romance "O
Enterro do Diabo" (1955). Por insistência dos pais, Márquez chegou a
iniciar o curso de direito na Universidade Nacional, em Bogotá, mas logo
enveredou para o jornalismo, assumindo uma coluna diária no recém-fundado
jornal "El Universal". Nunca se graduou.
Nessa
época, final da década de 1940, publicou seus primeiros contos, "La
Tercera Resignación" e "Eva Está Dentro de su Gato".
Consagrou-se na carreira jornalística ao ingressar na redação de "El
Espectador", onde se tornou o primeiro crítico de cinema do jornalismo
colombiano e depois um brilhante cronista e repórter, que exerceu influência na
vida cultural do país. Em 1955, viajou para a Europa como
correspondente do jornal, após a publicação de uma extensa reportagem,
"Relato de um Náufrago", que desagradou ao governo do general Roja
Pinillas.
No final dos anos 50, de volta às Américas,
trabalhou em Caracas (Venezuela), em
Cuba, onde passou seis meses, e em Nova York, dirigindo a agência de notícias
cubana Prensa Latina. Em 1960, García Márquez mudou-se para a Cidade do México
e começou a escrever roteiros para cinema. No ano seguinte, publicou
"Ninguém Escreve ao Coronel" e, em 1962, "O Veneno da
Madrugada", que ganhou o Prêmio Esso de Romance, na Colômbia.
Em 1966, segundo depoimento do escritor mexicano
Carlos Fuentes, quando voltava do balneário de Acapulco para a Cidade do
México, García Márquez teve o momento de inspiração para escrever o romance que
ruminava há mais de uma década. Largou o emprego, deixando o sustento da casa e
dos dois filhos a cargo da mulher, Mercedes Barcha. Isolou-se pelos próximos 18
meses, trabalhando diariamente por mais de oito horas. No ano seguinte,
publicou aquele que seria sua obra mais conhecida, "Cem Anos de
Solidão" (1967) - unanimemente uma obra-prima da literatura em língua
espanhola.
Com o
sucesso, mudou-se para Barcelona, Espanha, onde
permaneceu até 1975, passando temporadas em Bogotá, México,
Cartagena (Colômbia) e Havana. Em 1981, voltou para a Colômbia. Acusado pelo
governo de colaborar com a guerrilha, exilou-se no México. Nesse período,
publicou novos romances, livros de contos e antologias de sua produção
jornalística e de ficção.
Em 1982, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura.
Segundo se soube posteriormente, a premiação foi disputada com o escritor
inglês Graham Greene e
o alemão Günther Grass. Diante da Academia Sueca e de quatrocentos convidados,
pronunciou o discurso "A Solidão da América Latina", questionando os
estereótipos com que os latino-americanos eram vistos na Europa e a falta de
atenção dos países ricos ao continente.
O escritor retornou ao jornalismo em 1999,
quando passou a dirigir a revista "Cambio". Em 2002, publicou
"Viver Para Contá-la", primeiro volume de sua autobiografia. Entre outras
obras de destaque, García Márquez é o autor de "Crônica de uma Morte
Anunciada" (1981), "O Amor nos Tempos do Cólera" (1985), "O
General em Seu Labirinto" (1989) e "Notícias de um Seqüestro"
(1996). O último romance que publicou, em 2004, intitula-se "Memórias de
Minhas Putas Tristes".
Alguns de seus textos foram adaptados para o
cinema, como "Eréndira", de 1983, estrelado por Cláudia Ohana e
dirigido por Ruy Guerra, e "O Amor nos Tempos do Cólera", de 2007,
dirigido pelo inglês Mike Newell, e com a participação de Fernanda Montenegro.
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